quinta-feira, 19 de janeiro de 2006

Choc cultural

Quanto mais conheço os holandeses mais me desiludo.
Tenho vindo a desenvolver uma ideia sobre estes senhores, até partilhei alguns desses pensamentos com a J e o L no outro dia, mas ontem, num jantar com os portugueses e uma holandesa que estava ao meu lado (que deve ser uma das excepções ao pensamento que eu estou prestes a partilhar), tivemos uma conversa muito gira sobre alguns traços característicos da generalidade dos holandeses.

Toda a gente fala que os nórdicos em geral são pessoas "frias", mas sem dúvidas que a primeira impressão que se tem quando se conhece alguém é de simpatia. As casas não tem percianas, os cortinados estão abertos, e no entanto as pessoas não andam a olhar. Na rua qualquer pessoa presta esclarecimentos com um sorriso. Parecem disponíveis e respeitosos.... mas quando vemos melhor...estas características vão só até ao limite da superficialidade das pessoas. Isto é, estou convencida que a "simpatia e o respeito" têm como base um grande sentido de civismo (não faço nada que não gostaria que me fizessem) e de indiferença (cada um por si, e por isso estou-me nas tintas para o que acontece ao meu lado, até prefiro nem saber para não me comprometer). Se a coisa se mantem no olá e nos copos, isto é na superficialidade...tudo bem. Mas no que diz respeito a interagirem com as pessoas em contextos menos superficiais, esquece!!! O portugueses, os latinos, os mediterrâneos, whatever... são simpáticos, integram-te na vida deles, até se metem na tua vida sem qualquer direito mas ajudam-se mais, estão por perto, com a consciência de que "poderia ter acontecido comigo".

Naturalmente, há excepções, esta Holandesa e um Holandes que costuma sair no grupo dos portugueses cá.......nasceram na parte errada do globo . A holandesa concorda que eles são mais frios. E apontou que: o facto de eles serem frios, faz com que tenham uma atitude muito mais práctica e frontal que traz um certo tipo de vantagens, o que me faz sentido.

Ela, inclusive, disse que os portugueses são muito polite (nunca pensei ouvir isto) o que traz certos ruídos para a comunicação. Não se sabe o que nós pensamos exactamente, porque floreamos, por simpatia, o que dizemos. Não sei, .......... também temos um lado muito mais quente e apaixonado que nos faz falar do que sentimos com mais garra... para o bem, e para o mal. Este juízo dependerá certamente de situações concretas. E como se pode chamar polite a um povo, que ela disse e muito bem, cospe para o chão e fica vidrado, a babar, quando uma mulher passa. Se calhar, só não somos frontais!

Ela disse que é normal que se chegas a casa de alguém perto da hora de jantar, eles te digam: - espera na sala enquanto nós vamos jantar!
Ou, se és convidado para jantar, é normal que te perguntem: - quantas batatas comes?
Tu respondes: 3! E a senhora descasca exactamente 3 batatas.

Ela no outro dia viu uma reportagem onde uma chinesa que esteve na Holanda disse: "Dutch people have their curtains open at nigth, but doors are always closed".

A Holandesa disse que desenvolveu uma teoria junto com a mãe, de que quanto maior é o nível de vida das pessoas, mais fechadas e menos hospedeiras elas são. Fundamentando com o exemplo de países pobres, que são capazes de tirar da boca para dar às visitas (esta correlação foi nova para mim, mas não tenho motivo para discordar, à partida).

Ela acredita, e nós também vemos isso no nosso país, que também tem haver com a diferença Grande cidade/Campo, tipicamente as pessoas da cidade são mais frias: - não conhecem os vizinhos, nem querem conhecer, e têm medo de estranhos porque támbém há mais criminalidade; - todos os dias se conhecem pessoas mais ou menos influentes, e as amizades são por isso, escolhidas por interesses menos nobres e as relações são mais superficiais.

Entretanto, ela "acusou"os portugueses de chamarem "amigos" a toda a gente. É verdade, que ouve-se esta palavra com facilidade da boca das pessoas....o que não quer dizer que é o que eles pensam (ora aqui até tenho que concordar com a parte do polite).

Eu pessoalmente, distingo as pessoas na minha cabeça, mas uma coisa é certa: se conheço uma pessoa há pouco tempo, e simpatizo, dou o benefício da dúvida... isto é, ... ajo como se houvesse potencial para vir-mos a ser amigos,........ se não se tiver esta atitude, como se constrói uma amizade nova? Uma pessoa que, pelo contrário, corta as possibilidade à partida, fecha, como é que faz, tem exactamente o mesmo grupo de amigos entre os 15 e os 90 anos?

O turco que conheci quando estive em Istanbul e que está cá há 4 anos, e que partilha das mesmas dores que eu e o italiano (mediterrâneos, portanto) pintou um quadro com o qual concordo a 100%: "Esta gente não tenta fazer nada para ajudar a pessoa do lado, nem sequer o irmão; mas também não conta com ninguém quando tem problemas.........................é uma forma de vida, como qualquer outra................eu prefiro que o meu irmão me peça 500 euros quando está apertado, mas eu estou à vontade para lhe telefonar as 5 da manhã quando me embebedei e estou na merda"

terça-feira, 10 de janeiro de 2006

Pimba around the world

Ontem fui ao "Drink de Ano Novo" aqui no estamine e mais uma vez confirmei que este país não tem nada de mais "civilizado"do que Portugal. Podem ser mais organizados de um certo ponto de vista (eu ainda não estive em nenhuma fila quando tive que ir a serviços da função pública, por exemplo) mas as pessoas comportam-se de forma até bem mais "brega" do que nós. Nos meus hábitos bem singelos até me sinto requintada aqui!!! Exemplos:
1) Sabem o que era a comida do cocktail neste drink? Atendendo ao facto que a recepção era num hotel de cinco estrelas? - Cachorros. Nem sei se se pode chamar cachorro aquilo, era uma salsicha dentro de um pão. Qualquer rolote à saída de um estádio ou discoteca portuguesa serve cachorros mas saborosos e com suplementos mais interessantes!!! - Sopa. Fiquei encantada com a ideia de comer sopa ......... até ao momento em que a vi, ai meu rico caldo verde !!! Era meia vermelha porque devia ter feijão e cheia de vegetais.... talvez pretendesse parecer uma "sopa da pedra"....... mas nem aos calcanhares lá chegava porque a única carne presente era..............SALSICHA !!!
Raios partam estes gajos mais as salsichas, eu até gosto, mas não em todo o lado e sempre! Ai do Hotel que servisse esta treta ao Estamine Portugues, a Lu deixava-os na rua da amargura! Ás moscas! Em Portugal isso nunca aconteceria, a comida seria muito melhor, nem que fosse numa tasca! Já sonho: moelas, salada de polvo, linguiça assada, presunto!!!! (tou a babar)
2) Outro exemplo de falta de chá. Um dos partners fez um discurso de 10 minutos, pelo que me disseram ele iniciou por avisar que seria isso mesmo, 10 minutos, e pedia silêncio.
Acreditam que as pessoas não se calaram, talvez 10 segundos, mas estavam-se a marimbar. Eu que não percebia uma palavra, até poderia abstraír-me com mais facilidade, estava calada porque acho que é o mínimo que se pode fazer por respeito!
3) A cereja em cima do bolo (ou para algumas, o bolo em cima da cereja) foi o convidado para actuar depois do discurso: Frans Bauer.
Pelo que percebi da descrição é o Emanuel cá do sítio e não tinha nada que enganar: - camisa rosa choc; - três meninas a baloiçar compassadamente atrás dele; - aquelas melodias de orgão todas iguais, eu não percebia nada mas quase que poderia reconhecer os textos (ainda ontem estava em frança e agora ja estou ca.....quero cheirar teu.....curiosamente, nenhumas desta é do emanual, mas não me lembro agora)
Nunca mais nevou :(
PS - Quero, aqui, publicamente, fazer uma ressalva quem diz Emanuel, Quim Barreiros, ... não está a dizer Marco Paulo. Esse não, esse é um senhor.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2006

Gelukkig Niewjaar


Então, essa passagem de ano?!?!? A minha foi no mínimo diferente. Fui a Den Haag (nem queiram saber como se pronuncia), mas ninguém sabe que há muita gente a chamá-la Haya. Era uma festa dentro de uma tenda gigante no meio de uma praça e que tinha corredores para ligar a 4 bares dessa praça. Cada bar tinha um ambiente e música diferente e um deles até teve uma banda ao vivo. As bebidas eram muito baratas e imaginem........ a vodka laranja é feita com sumo de laranja natural!!!!!!!!!!!!!!!! É claro que qualquer holandes ficava escandalizado com o meu espanto!!!

Mas bonito, bonito, foi a neve. Depois de dizer aos meus pais que até não tava assim tanto frio, cheguei aqui, e as pontas dos dedos "ardiam"de tanto frio. Na quinta nevou bastante mas não acumulou, foi mais ou menos assim: Mas na sexta à noite, esta era a vista da minha janela Foi o máximo, porque apesar de já ter visto neve, nunca vi nevar. Logo nunca tinha percebido aquele ponto em que ela parece fofa. Quando cai e ninguem pisou, parece algodão e com um brilho lindo. E realmente pode-se enterrar os pes na neve que é mesmo fofa agora..........quando começa a derreter e parece gelo.... não é bonito, é perigoso, as estradas ficam nojentas porque o negro da sugidade dos carros já se misturou com a neve. E depois o tempo ficou muito mais agradável. Na passagem de ano andei com a roupa que andaria aí, nada de muito quente!

A grande novidade do dia é... já percebi poque as holandesas andam de mini-saia na neve como se nada fosse. Arranjei uns collants que apesar de serem de uma malhinha muito fina, são mais quentes que algumas das minhas calças. Logo, hoje vim de saia e não tenho frio!

Aceitam-se encomendas :)

Feliz 2006